22 de abril de 2009

Reflexões


Era meia-noite, noite de passagem de ano. Lá estavam as tradicionais 12 passas e o belo Safari para acompanhar os 12 desejos. Alguns repetidos há vários anos, outros inéditos e meia dúzia que só dependem da força de vontade para se concretizarem. Noite divertida, com companhias inesperadas, filmagens ridículas e fantasias de um ano perfeito.

Mas a perfeição nem sempre vem daquilo que imaginamos ou desejamos. A vida é feita de imprevistos e isso dá-lhe uma certa graça. Há 4 meses atrás nunca imaginaria reencontrar pessoas perdidas há anos. Nunca imaginaria passar as férias de hospital em hospital sem poder estar com aqueles que gosto. Mais restrita ainda seria a ideia de férias só de meninas.

A minha perfeição existe aqui, ali, nas escadinhas ou a vários quilómetros. Porque ela apenas depende de vocês, estando sempre convosco ou apenas em Agosto. No fundo 12 desejos são um exagero quando basta uma coisa para nos fazer felizes.

13 de abril de 2009

A Família

Era Domingo. Quente, soalheiro, com uma brisa suave.
Um cheiro doce invadia as assoalhadas. A Mãe fizera um arroz doce perfeito para a sobremesa. O Pai, na sala, lia o semanário com a atenção que se delega a um mau filme na TV. O Filho, após intenso treino desportivo, descansava ao lado do Pai enquanto aguardava o chamamento da Mãe. A Filha, essa, encontrava-se perdida entre as viagens e os mundos exóticos dos seus livros. Tocaram à campainha. Era a Convidada.
E o chamamento chegou…
O Pai foi o primeiro a sentar-se à mesa. Ocupava o lugar de maior destaque, o lugar do chefe de família. À sua direita o Filho, futuro homem da casa, e à sua esquerda a Filha. A Convidada ocupou o seu lugar habitual. Após servir toda a família, a Mãe tirou o avental e juntou-se à reunião familiar. Almoçaram, conversaram. Trivialidades da vida discutidas entre garfadas de arroz ou batata.
No final da refeição o Pai voltou para o seu jornal, o Filho para o comando e a Filha para os livros. A Convidada saiu, prometendo voltar à hora do jantar. A Mãe tinha à sua espera os tachos e panelas de mais um perfeito almoço em família.
Era mais um Domingo para a família perfeita. Ao Domingo não se gritava, não se discutia, não se mandava ninguém a baixo, não se desiludia ninguém. Afinal a Convidada estava por perto. A Hipocrisia almoçara de novo com a família.