Era Domingo. Quente, soalheiro, com uma brisa suave.
Um cheiro doce invadia as assoalhadas. A Mãe fizera um arroz doce perfeito para a sobremesa. O Pai, na sala, lia o semanário com a atenção que se delega a um mau filme na TV. O Filho, após intenso treino desportivo, descansava ao lado do Pai enquanto aguardava o chamamento da Mãe. A Filha, essa, encontrava-se perdida entre as viagens e os mundos exóticos dos seus livros. Tocaram à campainha. Era a Convidada.
E o chamamento chegou…
O Pai foi o primeiro a sentar-se à mesa. Ocupava o lugar de maior destaque, o lugar do chefe de família. À sua direita o Filho, futuro homem da casa, e à sua esquerda a Filha. A Convidada ocupou o seu lugar habitual. Após servir toda a família, a Mãe tirou o avental e juntou-se à reunião familiar. Almoçaram, conversaram. Trivialidades da vida discutidas entre garfadas de arroz ou batata.
No final da refeição o Pai voltou para o seu jornal, o Filho para o comando e a Filha para os livros. A Convidada saiu, prometendo voltar à hora do jantar. A Mãe tinha à sua espera os tachos e panelas de mais um perfeito almoço em família.
Era mais um Domingo para a família perfeita. Ao Domingo não se gritava, não se discutia, não se mandava ninguém a baixo, não se desiludia ninguém. Afinal a Convidada estava por perto. A Hipocrisia almoçara de novo com a família.
Sem comentários:
Enviar um comentário